segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Insistir e não desistir

   Após a paragem do campeonato para os compromissos das selecções, (onde Portugal conseguiu num jogo atribulado dar a volta ao resultado mesmo com 10 jogadores, por expulsão de Hélder Postiga, com Cristiano Ronaldo a fazer hattrick na Irlanda do Norte, em Belfast, e assim continuar a acalentar a presença no Mundial do Brasil no próximo ano), o desafio à quarta jornada para o Sporting era conseguir, no Estádio do Algarve, os três pontos frente à formação do Olhanense. E cumpriu.

   Numa primeira parte em que dispôs de uma mão cheia de oportunidades de golo, sem delas tirar partido sobretudo por pecar na finalização, acabou ainda por sofrer um ou outro susto, o maior dos quais no cabeceamento à barra da baliza à guarda de Rui Patrício. A equipa procurou marcar mas, ao contrário de todas as jornadas anteriores, não conseguiu obter golo no 1.º tempo. Também é verdade que não sofreu, o que só aconteceu na 1.ª jornada, frente ao Arouca em Alvalade.

   De regresso do intervalo, o ascendente leonino foi notório e a equipa procurou desde cedo corrigir a ineficácia ofensiva da 1.ª parte, para que depois não tivesse de jogar "contra o relógio". E essa vontade de marcar foi materializada num lance de bola parada, com André Martins a bater o livre da esquerda para o centro da área, onde o inevitável Fredy Montero surgiu isolado a cabecear, sendo o seu movimento precedido de fora-de-jogo, mas o que é certo é que o lance foi muito rápido e o adiantamento do avançado colombiano era pouco, tanto assim é que numa fracção de segundo é colocado em jogo pela defesa do Olhanense. Com a vantagem materializada, a equipa procurou obter um 2.º golo que lhe permitisse maior vantagem, aproveitando o embalo ofensivo que trouxe do intervalo e também o ascendente dentro de campo. E pouco depois, ainda antes dos 60 minutos de jogo, novo golo, novamente com um centro do lado esquerdo do ataque, mas desta vez de bola corrida e rasteiro, com Wilson Eduardo a assistir André Martins, que se antecipou a Ricardo, guarda-redes do Olhanense, e desviou com um toque subtil a bola por baixo dele.

   Com a vantagem ampliada, a intensidade do jogo ofensivo diminuiu, até porque o Olhanense procurou contrariar o ímpeto do Sporting e teve de balancear-se para o ataque, à procura de golos para minimizar a diferença no marcador. A partir daí, a equipa procurou preservar os 2 golos de diferença mais do que obter o terceiro, e poucos mais lances de perigo criou, e tirando um lance de ataque da equipa algarvia, com um jogador a cabecear isolado por cima da barra, também não se expôs e soube resguardar a vitória.

   Sem deslumbrar especialmente, foi um jogo interessante com alguns momentos de bom futebol, e onde a qualidade individual de alguns jogadores do Sporting teve aqui e ali destaque, mas sobretudo valeu pelo equilíbrio e eficiência colectivos, pelos princípios de jogo que a equipa demonstra e pelo apoio dos adeptos. Um jogo tranquilo, onde a equipa mais forte se superiorizou com naturalidade perante um adversário que precisa de evoluir e desenvolver-se para poder ter outros argumentos na disputa dos jogos. Mais uma vez, a força anímica e mental da equipa foi valiosa para superar um primeiro tempo onde foi algo perdulária ofensivamente, o que poderia ter condicionado o desempenho e a eficácia na 2.ª parte, onde conseguiu superar o desacerto inicial.

   Sobretudo, foi por insistir que o Sporting conseguiu ser feliz, porque nem sempre se consegue a vantagem cedo, e por vezes é preciso não desistir. Apesar disso, e mesmo sabendo que a assistência foi relativamente baixa, convém frisar que foi a maior assistência de sempre da equipa de Olhão, sabendo que está a jogar em casa emprestada, e não no estádio José Arcanjo, a casa habitual, com menor lotação. Portanto, além da vitória do Sporting, há esse facto a registar para a história do jogo e também do futebol português.

   O Sporting conseguiu assim a terceira vitória em 4 jornadas, com 10 pontos, e está na 2.ª posição a 2 pontos do 1.º classificado. Sobretudo, é preciso acreditar que os maiores desafios ainda estão por vir, mas ter consciência do trabalho desenvolvido até aqui, em tudo de bom que foi alcançado e naquilo que há que melhorar para conseguir progredir.

   2013.09.16
   01H05

domingo, 1 de setembro de 2013

Trilho de Leão

   À terceira jornada, o derby de Alvalade anunciava-se como um teste a um Sporting prometedor, rejuvenescido e líder do campeonato português, vindo de duas vitórias por goleada nos jogos anteriores. E foi ciente do desafio que a equipa entrou em campo e se impôs frente a um rival que possui uma enorme vantagem orçamental para os concorrentes, dominando a 1.ª parte e conseguindo sair em vantagem para o intervalo, com um golo de Fredy Montero, polemizado pelo fora-de-jogo milimétrico do avançado no início da sua intervenção na jogada, sem no entanto a situação ter influência decisiva no desenrolar do lance. Mas é bom ver que a equipa entra no jogo para disputá-lo do primeiro ao último minuto e já não oferece o 1.º tempo de avanço aos adversários, salve eventuais excepções que possam acontecer.

   Neste momento, o Sporting tem uma atitude em campo bastante incisiva e pragmática, sendo ainda obviamente uma equipa em maturação e desenvolvimento. Notório é que as principais pechas, a nível do desempenho colectivo, são erros individuais, muitas vezes perfeitamente evitáveis, o que demonstra a força da equipa, maior que a soma das partes. Por exemplo, Montero, autor do golo inaugural, mostrou mais uma vez toda a sua capacidade técnico-táctica, mas cometeu um erro perfeitamente escusado ao colocar a mão na bola num centro de Wilson Eduardo, frente à baliza, interceptando assim aquilo que seria uma assistência para Carrillo, que surgia ao 2.º poste atrás de si, em condições perfeitas para marcar. Este é um dos exemplos mais flagrantes, de erros cometidos pelos intérpretes que acabam por condicionar a equipa e que frente a adversários fortes são contraproducentes, pois têm mais capacidade para tirar proveito disso. Mesmo contra adversários de menor valia podem ser penalizadores para a equipa. Outros erros há que não são tão flagrantes e despropositados, surgindo no decorrer do jogo, como passes mal medidos ou perdas de bola escusadas, ou ainda insuficiência de concentração ou clarividência.

   Posto isto, é por outro lado reconfortante perceber que colmatando estas lacunas, a equipa tem um potencial tremendo sob orientação do quadro técnico e da estrutura directiva. Quando os "pequenos" erros próprios são o factor mais condicionante do seu rendimento em campo, se os jogadores tiverem capacidade para aperfeiçoar-se e evitá-los, então as falhas colectivas diminuirão e a equipa será ainda mais forte.

   A formação completa-se em campo, jogando a nível profissional, e portanto não poderia o futuro estar melhor assegurado que apostando na "prata da casa", sem no entanto querer dar passos maiores que a perna. Passo a passo é o caminho do Leão. É muito bom poder assistir ao seu caminho, quando este é bem trilhado. E acreditar numa equipa que pode não ganhar sempre, mas irá vender cara a derrota. E que podendo falhar, por vezes "infantilmente", o que a nível sénior é proibitivo, tem tudo para reerguer-se e aprender com os erros, evoluir e tornar-se um caso sério do futebol nacional e internacional.

   Frente a um rival que "quase" ganhou tudo na última época e voltou a investir forte na época actual, a melhor equipa em campo e aquela que estatisticamente dominou o encontro foi a que aposta nos jogadores de formação, na escola portuguesa. Apesar do empate, um mal menor, há razões para manter o alento, há razões para valorizar todo este Esforço, Dedicação e Devoção. Um dia chegará a Glória, se continuar no trilho o Leão.

   2013.09.01
   02H36